terça-feira, 6 de julho de 2021

A mangueira morreu: foi a praga que deu

A mangueira morreu, foi a praga que deu. Adeus às mangas-espada que adoçavam as nossas tardes, que alimentavam os pássaros. Esse lamento ao que vem ocorrendo com as mangueiras, no nordeste e no sudeste, no Brasil inteiro. A seca da mangueira atinge as árvores que por isso morrem rapidamente. Essa praga chegou aos subúrbios do Rio de Janeiro há quase 20 anos, matando árvores frutíferas de presença muito marcante nesta zona da cidade. A praga é espalhada por um besouro que deposita uma espécie de larva no tronco da árvore. Essa larva tem o formato de uma broca cuja ação é devastadora. O besouro é, por isso, chamado de besouro da broca.
Embora tenha se adaptado bem por aqui, a mangueira não é uma árvore natural da Mata Atlântica. É natural da índia. Suas folhas são utilizadas em rituais sagrados. É considerada uma árvore sagrada. Foi introduzida no Brasil pelos portugueses. Sua fruta doce é muito apreciada pelas pessoas e igualmente pelos pássaros e pelos saguis. No meu quintal, não conseguimos tratamento para broca, a não a poda, que adiou um pouco a evolução para a seca total. A seca mostrou-se a partir de um galho, que foi retirado e a árvore resistiu mais alguns bons meses após a poda. Mas, aproximando-se o solstício de inveno, por volta do dia 21 de junho último, ela secou tão rapidamente que só nos restou assistir e varrer sacos e sacos das folhas secas, que caíram aos montes com a ajuda do vento daqueles dias. Essa árvore era motivo de alegria e orgulho pra mim. Eu dizia aos amigos que morava naquela árvore, brincando, é lógico. De fato, a árvore era uma protetora. Pois em razão de ser folhuda, ajudava a diminuir o ruído oriundo da rua e a segurar a poeira dos automóveis oriunda da rua. Ainda mais alegria me dava a resistência à broca. Durante mais de 20 anos desde à chegada da praga da Broca ao bairro, ela resistiu. A querida mangueira que morreu era muda do meu avô. Meu pai e meu tio plantaram. Depois que uma outra que existia próximo, no quintal, morreu devido a ataque de cupins. Lembro-me, eu era pequena, tiraram e queimaram a pobre árvore. Aquela fumaça nimbando o quintal gravou-se na minha memória como o cheiro de tronco de árvore queimando, a névoa tomando o quintal... Aquilo durou muito tempo. Aquele cheiro que, dependendo do dia do mês, pode ser muito doce e, noutro, muito enjoativo estava no ar. Eu me lembro muito bem. Era pequena e apenas assistia o modo como os adultos ao meu redor cuidaram de um problema semelhante ao que estamos enfrentando agora. 48 anos atrás, assim foi. Mas já era. O que vem a ser é o que importa. Resolvi, até aqui, fazer diferente. E da minha vontade manter o tronco, que tem de 3 a 4 metros de altura. Logo que limpamos a copa, naquele mesmo dia, logo depois que o homem da serra elétrica se foi, os pássaros brancos barrigudinhos pousaram ali. Gostaria de manter aquela presença tão alegre que são as aves. Aliás, recebo a visita de passarinhos lindos no meu quintal. Para concluir. Vamos continuar a publicar atualizações sobre o nosso quintal. Eventualmente, podemos publicar pequenos vídeos. Há alguns meses folhas da nossa mangueira, no chão do terreiro próximo, cumpriram a missão da árvore. Talvez porque já não há mais tantas mangueiras por aí e porque a nossa era uma das poucas que restaram, há alguns meses, pela primeira vez, que me lembro, vieram buscar folhas na nossa mangueira. Quanta felicidade experimentou uma árvore originalmente sagrada cujas folhas cumpriram a sua sina.

A mangueira morreu: foi a praga que deu

A mangueira morreu, foi a praga que deu. Adeus às mangas-espada que adoçavam as nossas tardes, que alimentavam os pássaros. Esse lamento ao...